D. Afonso Henriques, também conhecido como Afonso I, foi o fundador do Reino de Portugal. Filho do Conde Henrique de Borgonha e de Dona Teresa, filha ilegítima do rei de Leão e Castela, Afonso Henriques nasceu em 1109. Em 1128, após a Batalha de São Mamede, Afonso Henriques derrotou as forças da sua mãe e assumiu o controlo do Condado Portucalense.
Em 1139, após a vitória na Batalha de Ourique contra os Mouros, Afonso Henriques autoproclamou-se rei de Portugal. A independência de facto foi alcançada, mas só em 1179 o Papa Alexandre III reconheceu oficialmente Portugal como um reino independente, concedendo a Afonso Henriques o título de Rex Portugallensis.
Consolidação do Reino
O reinado de D. Afonso Henriques foi marcado pela consolidação territorial e pela luta constante contra os Mouros. Ele expandiu o território português para sul, conquistando importantes cidades como Santarém e Lisboa. D. Afonso Henriques faleceu em 1185, deixando um reino independente e em crescimento.
Os Primeiros Reis da Dinastia de Borgonha
Após a morte de Afonso Henriques, o seu filho D. Sancho I (conhecido como o Povoador) subiu ao trono. O reinado de D. Sancho I foi focado na colonização e povoamento das terras conquistadas. Ele incentivou a imigração e fundou várias vilas e cidades.
D. Afonso II e o Início dos Conflitos Internos
D. Afonso II, que reinou de 1211 a 1223, enfrentou conflitos internos significativos. O seu reinado foi marcado pela luta com a nobreza e pelo confronto com a Igreja, que resultou na sua excomunhão pelo Papa Honório III.
D. Dinis e a Fundação da Universidade de Coimbra
Um dos reis mais notáveis desta dinastia foi D. Dinis, que reinou de 1279 a 1325. Conhecido como o Lavrador, D. Dinis promoveu a agricultura e fundou a primeira universidade portuguesa, a Universidade de Coimbra, em 1290. O seu reinado foi também marcado pela assinatura do Tratado de Alcanizes com Castela, que fixou as fronteiras de Portugal.
A Crise de 1383-1385 e a Dinastia de Avis
A morte de D. Fernando I, em 1383, sem herdeiros masculinos, levou a uma crise de sucessão. A sua filha, D. Beatriz, casada com o rei de Castela, gerou receios de uma união com Castela. Este período de instabilidade culminou na Batalha de Aljubarrota, em 1385, onde as forças portuguesas, lideradas por D. João, Mestre de Avis, derrotaram os castelhanos.
D. João I e a Dinastia de Avis
D. João I foi aclamado rei em 1385, iniciando a Dinastia de Avis. O seu reinado foi marcado pela consolidação do poder e pela expansão marítima. Em 1415, conquistou Ceuta, dando início à expansão portuguesa em África.
Os Descobrimentos e a Dinastia de Avis
Os reinados de D. João I e dos seus sucessores foram fundamentais para os Descobrimentos Portugueses. D. Henrique, o Navegador, filho de D. João I, desempenhou um papel crucial no incentivo à exploração marítima. Durante o reinado de D. João II, Portugal alcançou novas terras e rotas comerciais.
D. Manuel I e a Era de Ouro
O reinado de D. Manuel I, de 1495 a 1521, é considerado a Era de Ouro de Portugal. Durante este período, Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia, e Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. Portugal tornou-se uma potência mundial, com um vasto império ultramarino.
O Declínio e a União Ibérica
O sucessor de D. Manuel I, D. João III, enfrentou desafios significativos. A expansão rápida e a manutenção do império foram dispendiosas, e a Inquisição foi instaurada em Portugal. Após a morte de D. Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, e a subsequente morte de D. Henrique, sem herdeiros, Portugal entrou em crise.
A União Ibérica
Em 1580, Filipe II de Espanha foi proclamado rei de Portugal, iniciando a União Ibérica, que durou até 1640. Durante este período, Portugal perdeu parte da sua autonomia e enfrentou desafios económicos e militares.
Restauração da Independência
Em 1640, Portugal restaurou a sua independência com a aclamação de D. João IV, da Casa de Bragança, como rei. Este evento marcou o início da Dinastia de Bragança, que reinou até o fim da monarquia em 1910.
D. João V e a Era do Ouro
O reinado de D. João V, de 1706 a 1750, foi marcado pela riqueza proveniente do ouro do Brasil. Este período viu a construção de magníficos edifícios, como o Palácio de Mafra, e uma forte influência cultural e artística.
A Revolução Liberal e o Fim da Monarquia
O século XIX foi um período de grande turbulência para Portugal. A invasão napoleónica, a Revolução Liberal e as lutas entre absolutistas e liberais marcaram esta época. D. Pedro IV, também conhecido como Pedro I do Brasil, desempenhou um papel fundamental na guerra civil entre liberais e miguelistas.
O Fim da Monarquia
O reinado de D. Carlos I foi marcado por crises políticas e económicas. Em 1908, ele e o seu filho, o príncipe Luís Filipe, foram assassinados no Regicídio de Lisboa. O seu outro filho, D. Manuel II, subiu ao trono, mas o seu reinado foi curto. Em 1910, a República foi proclamada, pondo fim à monarquia em Portugal.
A história dos reis de Portugal é uma narrativa rica e complexa, refletindo as mudanças sociais, políticas e culturais que moldaram o país ao longo dos séculos. Estes monarcas deixaram um legado duradouro que continua a influenciar a identidade e a história de Portugal.