A Ordem dos Templários foi fundada em 1119 por Hugues de Payens e oito cavaleiros franceses com o objetivo de proteger os peregrinos cristãos que viajavam para a Terra Santa. Em 1129, no Concílio de Troyes, a ordem foi oficialmente reconhecida pela Igreja Católica, ganhando assim um poder significativo e uma vasta riqueza. Os Templários eram monges guerreiros que faziam votos de pobreza, castidade e obediência, mas também eram conhecidos pela sua bravura e habilidade militar.
A Chegada dos Templários a Portugal
A presença dos Templários em Portugal começou em 1128, quando D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, lhes concedeu terras em Fonte Arcada. A relação entre a ordem e Portugal fortaleceu-se com a ascensão de D. Afonso Henriques ao trono. O primeiro rei de Portugal viu nos Templários aliados valiosos na luta contra os mouros e concedeu-lhes vastos territórios, incluindo Tomar, que se tornaria o centro da ordem no país.
Os Castelos dos Templários em Portugal
Os Templários construíram vários castelos em Portugal, muitos dos quais ainda existem e são testemunhos impressionantes da sua arquitetura e engenhosidade militar. Alguns dos mais notáveis incluem o Castelo de Tomar, o Castelo de Almourol e o Castelo de Monsanto.
Castelo de Tomar
O Castelo de Tomar é, sem dúvida, o mais emblemático dos castelos templários em Portugal. Fundado em 1160 por Gualdim Pais, o quarto Grão-Mestre da Ordem em Portugal, o castelo tornou-se a sede dos Templários no país. A sua localização estratégica permitia controlar a região e proteger a linha defensiva do Tejo.
O castelo é famoso pelo seu estilo arquitetónico, que combina elementos românicos, góticos e manuelinos. A Charola, uma capela octogonal inspirada na Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, é um dos destaques do castelo e reflete a influência da Terra Santa na arquitetura templária. Após a dissolução da ordem em 1312, o castelo passou para a Ordem de Cristo, que continuou a expandi-lo e a decorá-lo, resultando na estrutura magnífica que vemos hoje.
Castelo de Almourol
Situado numa pequena ilha no rio Tejo, o Castelo de Almourol é um dos castelos mais pitorescos e icónicos de Portugal. Acredita-se que a sua construção original remonte ao período romano, mas foi significativamente reconstruído pelos Templários no século XII. O castelo serviu como uma importante fortaleza na defesa da linha do Tejo contra as invasões mouras.
A localização do Castelo de Almourol, isolado no meio do rio, conferia-lhe uma posição defensiva natural e um aura de mistério. A arquitetura do castelo é simples mas robusta, com torres de vigia e muralhas espessas que atestam a sua função militar. Hoje, o castelo é um popular destino turístico e um símbolo romântico da era medieval em Portugal.
Castelo de Monsanto
O Castelo de Monsanto, situado na aldeia histórica de Monsanto, é outro exemplo notável da arquitetura templária em Portugal. Construído no século XII, o castelo foi uma peça-chave na defesa da Beira Baixa contra as invasões mouras. A sua posição elevada no topo de uma colina granítica oferecia uma vista panorâmica e uma vantagem defensiva significativa.
O castelo de Monsanto é conhecido pelas suas muralhas espessas, torres robustas e vistas deslumbrantes. Apesar de ter sofrido danos ao longo dos séculos, incluindo durante o terramoto de 1755, o castelo mantém o seu charme histórico e é um destino popular para aqueles que desejam explorar a história medieval de Portugal.
O Legado dos Templários em Portugal
A influência dos Templários em Portugal vai além dos castelos que construíram. A ordem desempenhou um papel crucial na Reconquista, ajudando a consolidar o território que viria a formar o Reino de Portugal. Além disso, os Templários foram fundamentais na administração e desenvolvimento das terras que lhes foram concedidas, promovendo a agricultura, a construção de infraestruturas e o estabelecimento de comunidades.
Quando a Ordem dos Templários foi dissolvida pelo Papa Clemente V em 1312, sob pressão do rei francês Filipe IV, muitas das suas propriedades e riquezas foram transferidas para a recém-criada Ordem de Cristo. Em Portugal, D. Dinis garantiu que a transição fosse suave, permitindo que a nova ordem continuasse o trabalho dos Templários. A Ordem de Cristo desempenhou um papel crucial nos Descobrimentos Portugueses, financiando e apoiando as expedições que levaram à descoberta de novas terras e rotas marítimas.
A Lenda dos Tesouros Templários
Uma das lendas mais persistentes associadas aos Templários é a do seu suposto tesouro escondido. Acredita-se que, antes da sua dissolução, os Templários esconderam vastas riquezas em locais secretos, incluindo em Portugal. Embora não haja provas concretas da existência deste tesouro, a lenda continua a fascinar historiadores e caçadores de tesouros.
Vários locais em Portugal são frequentemente mencionados em teorias sobre o tesouro dos Templários, incluindo o Castelo de Tomar e o Castelo de Almourol. Estas lendas contribuem para o mistério e o fascínio que rodeiam a história dos Templários e os seus castelos.
Conclusão
A história dos castelos dos Templários em Portugal é um testemunho da influência duradoura desta ordem militar na história e na cultura do país. Desde a sua chegada no século XII até à sua dissolução e subsequente transformação na Ordem de Cristo, os Templários desempenharam um papel crucial na defesa, administração e desenvolvimento de Portugal.
Os castelos que construíram, como o Castelo de Tomar, o Castelo de Almourol e o Castelo de Monsanto, são monumentos impressionantes que continuam a atrair visitantes e a inspirar admiração. Estes castelos não são apenas estruturas militares; são símbolos de uma era de fé, coragem e engenhosidade.
Explorar a história dos Templários e os seus castelos é mergulhar num capítulo fascinante da história portuguesa, onde a lenda e a realidade se entrelaçam para criar um legado duradouro que continua a cativar e inspirar até hoje.