Acredita-se que a primeira fortificação no local onde hoje se encontra o Castelo de Almada foi erguida durante a ocupação muçulmana da Península Ibérica, no século VIII. Os muçulmanos, conhecidos pela sua habilidade em engenharia militar, construíram uma série de fortificações ao longo da costa para defender seus territórios das investidas cristãs. O castelo original foi, portanto, uma estrutura de defesa essencial para proteger a entrada do rio Tejo.

No entanto, foi após a reconquista cristã, em 1147, que o Castelo de Almada começou a adquirir a forma que conhecemos hoje. Sob o comando de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, os muros do castelo foram reforçados e ampliados para suportar futuros ataques. A localização estratégica do castelo permitia um controle eficaz sobre o tráfego marítimo e terrestre, tornando-o uma peça central na defesa do recém-formado Reino de Portugal.

O Período Medieval

Durante o período medieval, o Castelo de Almada continuou a ser um importante bastião de defesa. Os muros foram constantemente reforçados e adaptados para responder às novas ameaças e tecnologias de guerra. A arquitetura militar do castelo refletia as tendências da época, com torres de vigia, ameias e fossos profundos.

Os muros do castelo eram feitos principalmente de pedra calcária, abundante na região. Esta escolha de material não só proporcionava uma defesa robusta contra os ataques, mas também garantia a durabilidade das estruturas ao longo dos séculos. Além disso, a pedra calcária era relativamente fácil de trabalhar, permitindo aos construtores medievais criar detalhes arquitetónicos e defensivos complexos.

A Influência da Ordem de Santiago

No século XIII, o Castelo de Almada passou para o controle da Ordem de Santiago, uma das ordens militares mais poderosas de Portugal. Esta transferência de poder trouxe significativas mudanças na estrutura e função do castelo. A Ordem de Santiago tinha como missão proteger os territórios cristãos e promover a fé católica, e os muros do castelo foram adaptados para servir esses propósitos.

Sob a direção da Ordem, os muros do Castelo de Almada foram reforçados e ampliados. Novas torres de vigia foram construídas, e o interior do castelo foi adaptado para acomodar uma guarnição maior. A presença da Ordem de Santiago também significava que o castelo se tornou um centro de atividade religiosa, com a construção de capelas e outros edifícios religiosos dentro dos seus muros.

As Guerras de Independência

Durante as Guerras de Independência de Portugal contra Castela, no século XIV, o Castelo de Almada desempenhou um papel crucial. Os muros do castelo foram postos à prova em várias ocasiões, resistindo a cercos e ataques prolongados. A posição estratégica do castelo permitia controlar o acesso a Lisboa, tornando-o um alvo prioritário para os invasores castelhanos.

Foi durante este período que muitas das fortificações do castelo foram modernizadas para enfrentar as novas tecnologias de guerra, como a artilharia. Os muros foram reforçados com contrafortes e bastiões, e novas plataformas de artilharia foram construídas para abrigar canhões e outras armas de fogo. Estas modificações garantiram que o Castelo de Almada pudesse resistir aos avanços inimigos e continuar a proteger a capital portuguesa.

Os Tempos Modernos

Com o advento da era moderna e a mudança nas táticas de guerra, o papel do Castelo de Almada como fortificação militar começou a diminuir. No entanto, os muros do castelo continuaram a ser uma presença imponente na paisagem de Almada, e o castelo foi adaptado para outros usos ao longo dos séculos.

Durante o período da Restauração da Independência, no século XVII, o Castelo de Almada foi novamente reforçado para enfrentar a ameaça espanhola. As fortificações foram modernizadas e adaptadas para acomodar as novas tecnologias militares da época. No entanto, com o passar do tempo, o castelo perdeu sua importância militar e foi gradualmente abandonado.

O Século XX e a Preservação

No século XX, o Castelo de Almada passou por várias fases de restauração e preservação. Reconhecendo a importância histórica e cultural dos muros do castelo, as autoridades locais e nacionais empreenderam esforços para conservar e restaurar as estruturas remanescentes.

As escavações arqueológicas realizadas no local revelaram muitos detalhes sobre a história e a construção do castelo, proporcionando uma visão mais clara de como os muros foram erguidos e modificados ao longo dos séculos. Estes esforços de preservação garantiram que o Castelo de Almada continuasse a ser um importante marco histórico e cultural para as gerações futuras.

O Castelo de Almada Hoje

Hoje, os muros do Castelo de Almada são uma atração turística popular, oferecendo uma janela para o passado de Portugal. Os visitantes podem explorar as ruínas e aprender sobre a rica história do castelo através de exposições e visitas guiadas. A vista panorâmica do rio Tejo e da cidade de Lisboa continua a ser um dos principais atrativos do castelo, proporcionando uma ligação tangível entre o passado e o presente.

Além de ser uma atração turística, o Castelo de Almada também serve como um espaço cultural e comunitário. Eventos, concertos e outras atividades culturais são frequentemente realizados dentro dos muros do castelo, revitalizando o espaço e garantindo que ele continue a ser uma parte vibrante da comunidade de Almada.

Conclusão

A história dos muros do Castelo de Almada é um testemunho da resiliência e da adaptação ao longo dos séculos. Desde as suas origens como uma fortificação muçulmana até ao seu papel nas Guerras de Independência e à sua preservação moderna, os muros do castelo refletem a rica e complexa história de Portugal. Ao explorar o Castelo de Almada, os visitantes não só têm a oportunidade de aprender sobre o passado, mas também de apreciar a beleza e a importância contínua desta notável fortificação.

Os muros do Castelo de Almada são mais do que apenas pedra e argamassa; eles são um símbolo duradouro da história, cultura e identidade de Portugal. Através dos esforços de preservação e das atividades culturais realizadas no local, o castelo continua a ser uma presença vital e significativa na vida de Almada e de Portugal como um todo.