A língua dinamarquesa, falada por aproximadamente 6 milhões de pessoas, é uma das línguas escandinavas, pertencente ao grupo das línguas germânicas do norte. A gramática dinamarquesa possui várias características únicas que a diferenciam das outras línguas europeias. Neste artigo, exploraremos os aspectos especiais da gramática dinamarquesa e como eles influenciam a estrutura e o uso da língua.
O Alfabeto Dinamarquês
O alfabeto dinamarquês é composto por 29 letras, incluindo as 26 letras do alfabeto latino e três letras adicionais: Æ, Ø e Å. Essas letras extras são usadas em várias palavras dinamarquesas e têm sons específicos que não são encontrados em muitas outras línguas.
Æ: Esta letra é usada em palavras como “læse” (ler) e “færge” (balsa). O som é similar ao “a” em “cat” do inglês.
Ø: Aparece em palavras como “ø” (ilha) e “søg” (mar). O som é semelhante ao “eu” em “feu” do francês.
Å: Usada em palavras como “å” (córrego) e “mål” (objetivo). Este som se assemelha ao “o” em “more” do inglês.
Substantivos: Género e Número
Os substantivos dinamarqueses são categorizados em dois géneros: comum e neutro. Diferentemente de línguas como o alemão, que possuem três géneros (masculino, feminino e neutro), o dinamarquês simplifica para apenas dois.
Género Comum: Substantivos de género comum geralmente terminam em -en no singular definido. Por exemplo, “en bil” (um carro) torna-se “bilen” (o carro).
Género Neutro: Substantivos de género neutro terminam em -et no singular definido. Por exemplo, “et hus” (uma casa) torna-se “huset” (a casa).
Além disso, a pluralização dos substantivos dinamarqueses pode ser um desafio para os aprendizes, pois não segue um padrão único. Alguns substantivos adicionam -er, outros adicionam -e, e alguns mudam a vogal interna.
Artigos Definidos e Indefinidos
No dinamarquês, os artigos definidos e indefinidos são usados de maneira distinta em comparação com outras línguas europeias.
Artigos Indefinidos: Os artigos indefinidos são “en” para substantivos de género comum e “et” para substantivos de género neutro. Por exemplo, “en kat” (um gato) e “et bord” (uma mesa).
Artigos Definidos: Os artigos definidos são adicionados ao final do substantivo. Para substantivos de género comum, o artigo definido é “-en” ou “-n”, e para substantivos de género neutro, é “-et” ou “-t”. Por exemplo, “katten” (o gato) e “bordet” (a mesa).
Adjetivos e Concordância
Os adjetivos dinamarqueses concordam em género e número com os substantivos que modificam. No entanto, ao contrário de muitas línguas, o dinamarquês usa a mesma forma para ambos os géneros no singular, mas muda no plural.
Singular: O adjetivo permanece inalterado no singular. Por exemplo, “en stor bil” (um carro grande) e “et stort hus” (uma casa grande).
Plural: No plural, os adjetivos recebem um -e adicional. Por exemplo, “store biler” (carros grandes) e “store huse” (casas grandes).
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais no dinamarquês são relativamente simples e seguem um padrão semelhante ao de outras línguas germânicas. A tabela abaixo mostra os pronomes pessoais no dinamarquês:
Singular:
– Eu: jeg
– Tu: du
– Ele/Ela: han/hun
Plural:
– Nós: vi
– Vós: I
– Eles/Elas: de
Verbos e Conjugação
A conjugação verbal no dinamarquês é mais simples em comparação com muitas outras línguas europeias. Os verbos não mudam de forma para concordar com o sujeito, exceto no passado e no particípio perfeito.
Presente: Para formar o presente, a maioria dos verbos adiciona -r ao infinitivo. Por exemplo, “at spise” (comer) torna-se “spiser” (come).
Passado: A formação do passado pode variar, mas muitos verbos seguem um padrão regular adicionando -ede ou -te. Por exemplo, “spise” torna-se “spiste” (comeu).
Particípio Perfeito: O particípio perfeito geralmente termina em -et ou -t. Por exemplo, “spise” torna-se “spist” (comido).
A Ordem das Palavras
A ordem das palavras no dinamarquês é geralmente Sujeito-Verbo-Objeto (SVO), semelhante ao inglês. No entanto, a ordem pode mudar em frases subordinadas e perguntas.
Frase Declarativa: “Jeg spiser mad” (Eu como comida).
Frase Subordinada: “Jeg ved, at han spiser mad” (Eu sei que ele come comida). Note que o verbo “spiser” vem após o sujeito “han”.
Perguntas: “Spiser du mad?” (Tu comes comida?). Aqui, o verbo “spiser” vem antes do sujeito “du”.
Partículas e Preposições
As partículas e preposições dinamarquesas desempenham um papel crucial na formação de frases e na transmissão de significados sutis. Algumas preposições comuns incluem “på” (em), “i” (dentro), “til” (para) e “med” (com).
Uso de “på”: Usado para indicar localização ou tempo. Exemplo: “på bordet” (na mesa), “på fredag” (na sexta-feira).
Uso de “i”: Indica interioridade ou um período de tempo. Exemplo: “i huset” (dentro da casa), “i januar” (em janeiro).
Uso de “til”: Indica direção ou propósito. Exemplo: “til København” (para Copenhaga), “til middag” (para o jantar).
Uso de “med”: Indica companhia ou meio. Exemplo: “med ham” (com ele), “med toget” (de comboio).
Partículas Modais
As partículas modais são palavras pequenas que modificam o significado de uma frase, adicionando nuances de possibilidade, obrigação ou desejo. Alguns exemplos incluem “måske” (talvez), “sikkert” (certamente) e “muligvis” (possivelmente).
“måske”: Usado para indicar incerteza. Exemplo: “Han kommer måske” (Ele talvez venha).
“sikkert”: Indica certeza. Exemplo: “Han kommer sikkert” (Ele certamente vem).
“muligvis”: Indica uma possibilidade. Exemplo: “Han kommer muligvis” (Ele possivelmente vem).
Particípio Presente e Gerúndio
O dinamarquês não possui um gerúndio formal como o inglês (por exemplo, “eating” para “comendo”). Em vez disso, usa o particípio presente para expressar ações contínuas ou em andamento.
Particípio Presente: Formado adicionando -ende ao verbo. Exemplo: “spisende” (comendo).
Conjunções e Estrutura da Frase
As conjunções são usadas para ligar frases e expressar relações entre ideias. Algumas conjunções comuns no dinamarquês incluem “og” (e), “men” (mas), “fordi” (porque) e “så” (então).
“og”: Usada para adicionar informações. Exemplo: “Jeg læser en bog, og jeg skriver en artikel” (Eu leio um livro e escrevo um artigo).
“men”: Usada para contrastar ideias. Exemplo: “Jeg vil gerne gå, men jeg har ikke tid” (Eu gostaria de ir, mas não tenho tempo).
“fordi”: Usada para dar razões. Exemplo: “Jeg bliver hjemme, fordi jeg er træt” (Eu fico em casa porque estou cansado).
“så”: Usada para indicar consequência. Exemplo: “Jeg er træt, så jeg går i seng” (Estou cansado, então vou para a cama).
Pronomes Reflexivos
Os pronomes reflexivos são usados para indicar que o sujeito da frase está realizando a ação sobre si mesmo. No dinamarquês, os pronomes reflexivos são “sig” para a terceira pessoa e “mig” e “dig” para a primeira e segunda pessoa, respectivamente.
Primeira Pessoa: “Jeg vasker mig” (Eu lavo-me).
Segunda Pessoa: “Du vasker dig” (Tu lavas-te).
Terceira Pessoa: “Han/Hun vasker sig” (Ele/Ela lava-se).
Verbos Modais
Os verbos modais são usados para expressar capacidade, possibilidade, permissão ou obrigação. Alguns verbos modais comuns no dinamarquês incluem “kan” (poder), “må” (ter permissão), “skal” (dever) e “vil” (querer).
“kan”: Indica capacidade ou possibilidade. Exemplo: “Jeg kan svømme” (Eu posso nadar).
“må”: Indica permissão. Exemplo: “Du må gå nu” (Tu podes ir agora).
“skal”: Indica obrigação. Exemplo: “Jeg skal arbejde i morgen” (Eu devo trabalhar amanhã).
“vil”: Indica desejo ou intenção. Exemplo: “Jeg vil rejse til Paris” (Eu quero viajar para Paris).
Frases Idiomáticas
O dinamarquês possui várias frases idiomáticas que podem ser difíceis de traduzir literalmente para outras línguas. Estas frases são usadas no dia a dia e refletem a cultura e o humor dinamarquês.
“At tage benene på nakken”: Literalmente “colocar as pernas no pescoço”, significa fugir rapidamente.
“At kaste håndklædet i ringen”: Literalmente “jogar a toalha no ringue”, significa desistir.
“At have en fugl”: Literalmente “ter um pássaro”, significa ser um pouco louco.
Diferenças Dialetais
Embora o dinamarquês padrão seja amplamente compreendido em toda a Dinamarca, existem vários dialetos regionais que apresentam diferenças na pronúncia, vocabulário e até mesmo na gramática.
Copenhaguês: O dialeto falado em Copenhaga, que é frequentemente considerado o padrão.
Jutlandês: Falado na península da Jutlândia, este dialeto possui várias diferenças de pronúncia e vocabulário.
Fynsk: Falado na ilha de Fyn, apresenta características únicas que o distinguem dos outros dialetos.
Conclusão
A gramática dinamarquesa, com suas características únicas e nuances, é um campo fascinante de estudo para linguistas e aprendizes de línguas. Desde a sua estrutura de substantivos e verbos até as suas expressões idiomáticas e diferenças dialetais, a língua dinamarquesa oferece uma riqueza de elementos que a tornam especial. Para quem deseja aprender dinamarquês, compreender essas particularidades é essencial para dominar a língua e apreciar a cultura que ela representa.