Situado na pitoresca vila de Mafra, a cerca de 30 quilómetros de Lisboa, encontra-se um dos mais impressionantes monumentos de Portugal: o Palácio Nacional de Mafra, que inclui um convento, uma basílica e uma biblioteca. Este complexo monumental é um testemunho da grandiosidade arquitetónica e cultural do país e reflete um período significativo da história portuguesa. Vamos explorar a história e a cultura dos conventos de Mafra, um verdadeiro ícone da herança portuguesa.
O Palácio Nacional de Mafra foi mandado construir por D. João V no início do século XVIII. A construção teve início em 1717 e foi concluída em 1730. A razão principal para a sua edificação foi um voto feito pelo rei, que prometeu erguer um convento se a sua esposa, a rainha D. Maria Ana de Áustria, lhe desse descendência. O nascimento da princesa D. Maria Bárbara em 1711 foi o cumprimento dessa promessa.
A construção do convento envolveu milhares de trabalhadores, incluindo mestres de várias artes e ofícios de diferentes partes da Europa. O uso de materiais nobres, como mármore e madeiras exóticas, e a contratação de artistas estrangeiros, como o arquiteto alemão Johann Friedrich Ludwig, refletiram o poder e a riqueza do império português na época.
O convento de Mafra foi projetado para abrigar cerca de 300 frades da Ordem de São Francisco. O edifício é um exemplo notável do estilo barroco e possui uma fachada imponente com duas torres sineiras. A basílica, localizada no centro do edifício, é igualmente grandiosa, com uma cúpula majestosa e seis órgãos históricos, que são únicos no mundo pela sua disposição e qualidade sonora.
A basílica de Mafra é um local de culto e de arte sacra, onde se destacam as esculturas de Alessandro Giusti e os mármores italianos de Carrara. O altar-mor, ricamente decorado, é um testemunho da opulência e da devoção religiosa da época.
Um dos tesouros mais valiosos do Palácio Nacional de Mafra é a sua biblioteca. Considerada uma das mais belas do mundo, a biblioteca de Mafra possui uma coleção impressionante de mais de 36.000 volumes, incluindo incunábulos raros, manuscritos e edições únicas. O salão principal, com cerca de 85 metros de comprimento, é um exemplo magnífico da arquitetura barroca, com estantes de madeira exótica e um teto pintado a fresco.
A biblioteca de Mafra é um verdadeiro santuário do conhecimento, onde se encontram obras de diversas áreas do saber, desde a teologia até às ciências naturais. A sua importância cultural e histórica é inestimável, sendo um local de visita obrigatória para os amantes de livros e da história.
Durante os séculos XVIII e XIX, o convento de Mafra foi um centro de vida religiosa e cultural. Os frades franciscanos que ali residiam dedicavam-se não só à oração e ao estudo, mas também à educação e à assistência aos mais necessitados. O convento possuía uma escola onde se ensinavam diversas disciplinas, incluindo teologia, filosofia, matemática e música.
A música teve um papel importante na vida do convento, com a realização de concertos e cerimónias litúrgicas onde se utilizavam os seis órgãos históricos da basílica. Estes instrumentos, construídos por mestres organeiros portugueses e italianos, são únicos pela sua disposição e pela qualidade sonora, proporcionando uma experiência acústica singular.
Em 2019, o Palácio Nacional de Mafra, incluindo o convento, a basílica e a biblioteca, foi classificado como Património Mundial pela UNESCO. Esta distinção reconhece a importância histórica, cultural e arquitetónica deste monumento, que é um dos maiores e mais impressionantes complexos barrocos da Europa.
A classificação como Património Mundial tem contribuído para a preservação e valorização do Palácio Nacional de Mafra, atraindo visitantes de todo o mundo e promovendo o turismo cultural em Portugal. A realização de eventos culturais, como concertos, exposições e visitas guiadas, tem permitido divulgar a riqueza e a diversidade do património de Mafra.
O convento de Mafra também tem um lugar especial na literatura portuguesa. O escritor José Saramago, prémio Nobel da Literatura, imortalizou este monumento na sua obra “Memorial do Convento”. Publicado em 1982, este romance histórico narra a construção do convento de Mafra, entrelaçando factos históricos com elementos de ficção e fantasia.
Através de personagens memoráveis, como Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas, Saramago retrata a vida e as dificuldades dos trabalhadores que participaram na construção do convento, assim como as intrigas e os interesses da corte de D. João V. “Memorial do Convento” é uma obra-prima da literatura portuguesa e um tributo à grandiosidade e à complexidade do convento de Mafra.
O Palácio Nacional de Mafra é um exemplo notável da arquitetura barroca em Portugal. A sua construção envolveu a participação de mestres arquitetos, escultores, pintores e artesãos de várias partes da Europa, que contribuíram para a criação de um monumento de grande beleza e majestade.
A fachada principal, com cerca de 220 metros de comprimento, é dominada por duas torres sineiras e por uma imponente cúpula central. No interior, destacam-se as salas ricamente decoradas, com frescos, estuques e talha dourada, refletindo o gosto artístico da época e o poder da monarquia portuguesa.
A basílica é um dos elementos mais impressionantes do conjunto arquitetónico, com a sua planta em cruz latina, a cúpula majestosa e os seis órgãos históricos. A decoração interior, com mármores de várias cores e esculturas de artistas italianos, é um testemunho da riqueza e da opulência do barroco.
A arte sacra desempenha um papel fundamental na decoração do convento e da basílica de Mafra. As esculturas de Alessandro Giusti, um dos mais renomados escultores italianos do século XVIII, são um dos grandes destaques. As suas obras, que incluem estátuas de santos e anjos, são caracterizadas pela expressividade e pelo detalhe minucioso.
As pinturas, tanto em telas como em frescos, também contribuem para a riqueza artística do convento. Artistas como Cirilo Volkmar Machado e André Gonçalves deixaram a sua marca nas paredes e tetos do palácio, criando obras de grande beleza e significado religioso.
Hoje em dia, o Palácio Nacional de Mafra é um dos destinos turísticos mais populares de Portugal. A sua proximidade de Lisboa torna-o uma visita ideal para quem deseja explorar a história e a cultura do país. O palácio está aberto ao público, oferecendo visitas guiadas que permitem descobrir os segredos e as histórias deste monumento.
Além das visitas ao palácio, ao convento, à basílica e à biblioteca, os visitantes podem desfrutar dos jardins e do parque de caça (Tapada de Mafra), uma vasta área natural que oferece trilhos para caminhadas e observação de fauna e flora. A Tapada de Mafra é um complemento perfeito para a visita ao complexo monumental, proporcionando um contacto direto com a natureza.
A história e a cultura dos conventos de Mafra são uma parte essencial da herança portuguesa. Este monumento, que é um testemunho da grandiosidade do barroco e da riqueza da monarquia portuguesa, continua a fascinar e a inspirar visitantes de todo o mundo. A sua classificação como Património Mundial pela UNESCO reforça a importância de preservar e valorizar este tesouro cultural, garantindo que as futuras gerações possam continuar a apreciar a sua beleza e o seu significado histórico.
O Palácio Nacional de Mafra não é apenas um símbolo do passado glorioso de Portugal, mas também um espaço vivo de cultura e conhecimento, onde a história se entrelaça com a arte e a literatura, criando uma experiência única e enriquecedora para todos os que o visitam.
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