As embarcações utilizadas na pesca artesanal em Portugal são diversas e variam conforme a região e o tipo de pesca. Aqui estão algumas das mais comuns:
Dóri: Um pequeno barco de madeira, geralmente utilizado na pesca do bacalhau. É famoso pela sua estabilidade e facilidade de manobra, especialmente em águas agitadas.
Traineira: Uma embarcação maior, equipada com redes de arrasto para capturar grandes quantidades de peixe. As traineiras são frequentemente utilizadas na pesca de sardinha e outros peixes pelágicos.
Catraio: Um barco pequeno, geralmente movido a remos ou com um pequeno motor. É utilizado para a pesca em águas costeiras e estuarinas.
Bateira: Uma embarcação tradicional do estuário do Tejo, usada principalmente na apanha de moluscos e crustáceos.
Equipamentos de Pesca
Os equipamentos de pesca artesanal são variados e adaptados às necessidades específicas de cada tipo de pesca. Alguns dos mais importantes incluem:
Rede de emalhar: Uma rede vertical que fica suspensa na água para capturar peixes pela guelra. É utilizada principalmente na pesca de espécies como o robalo e a dourada.
Palangre: Uma linha longa com vários anzóis, utilizada para capturar peixes de fundo como o linguado e o tamboril. Os anzóis são iscados e a linha é deixada no fundo do mar.
Arpão: Uma lança utilizada para capturar peixes grandes, especialmente em pescas mais tradicionais e em algumas práticas de mergulho.
Nassa: Uma armadilha de malha, geralmente feita de vime ou plástico, usada para capturar crustáceos como o caranguejo e a lagosta.
Covos: Estruturas cilíndricas ou em forma de gaiola, utilizadas para capturar polvos e outros cefalópodes. Os covos são iscados e deixados no fundo do mar.
Tipos de Peixes e Mariscos
Conhecer as espécies de peixes e mariscos capturados na pesca artesanal em Portugal é fundamental para qualquer entusiasta da pesca. Aqui estão algumas das espécies mais comuns:
Sardinha: Um dos peixes mais emblemáticos de Portugal, frequentemente capturado com redes de cerco. A sardinha é uma presença constante nas festas e celebrações portuguesas.
Bacalhau: Embora mais associado à pesca industrial, o bacalhau também é uma espécie importante na pesca artesanal, especialmente nas águas do Atlântico Norte.
Polvo: Capturado principalmente com covos e armadilhas, o polvo é uma iguaria muito apreciada na gastronomia portuguesa.
Dourada: Um peixe muito popular em Portugal, frequentemente capturado com redes de emalhar e palangres.
Carapau: Capturado com redes de cerco e palangres, o carapau é um peixe versátil, utilizado em diversas receitas tradicionais.
Ameijoa: Um molusco bivalve, frequentemente apanhado em zonas estuarinas e lodosas. As amêijoas são muito populares em pratos como a “Ameijoas à Bulhão Pato”.
Lagosta: Capturada com nassas e armadilhas, a lagosta é um crustáceo de alto valor comercial, muito apreciado pela sua carne suculenta.
Termos Relacionados com a Navegação
A navegação é uma parte essencial da pesca artesanal, e compreender os termos relacionados pode ser muito útil. Aqui estão alguns dos mais comuns:
Proa: A parte dianteira da embarcação.
Popa: A parte traseira da embarcação.
Bombordo: O lado esquerdo da embarcação quando se está voltado para a proa.
Estibordo: O lado direito da embarcação quando se está voltado para a proa.
Ancorar: O ato de lançar a âncora para fixar a embarcação num determinado local.
Bóia: Um objeto flutuante utilizado para marcar a localização de redes, armadilhas ou outros equipamentos de pesca.
Termos Relacionados com a Pesca
Além dos equipamentos e embarcações, existem muitos outros termos específicos associados à prática da pesca artesanal:
Isca: Qualquer substância ou objeto utilizado para atrair peixes. Pode ser natural, como minhocas e pequenos peixes, ou artificial, como iscas plásticas.
Faina: O trabalho ou atividade de pesca.
Lanço: O ato de lançar a rede ou linha ao mar.
Arrasto: O processo de puxar a rede ou linha para recolher os peixes capturados.
Calagem: O ato de deixar a rede ou linha no mar durante um período de tempo para capturar peixes.
Desmalhar: O processo de retirar os peixes capturados da rede de emalhar.
Maré: O movimento periódico de subida e descida do nível do mar, que influencia significativamente a atividade de pesca.
Cardume: Um grande grupo de peixes que se deslocam juntos.
Práticas Sustentáveis na Pesca Artesanal
A sustentabilidade é um tema cada vez mais importante na pesca artesanal. Compreender os termos relacionados com práticas sustentáveis pode ser crucial para os pescadores e para aqueles que se interessam pela conservação marinha.
Quota: Limite estabelecido para a captura de determinadas espécies de peixe, com o objetivo de evitar a sobrepesca.
Pesca seletiva: Técnicas de pesca que visam capturar apenas as espécies e tamanhos desejados, minimizando a captura acidental de outras espécies.
Zona de proteção: Áreas marítimas onde a pesca é restrita ou proibida para permitir a recuperação das populações de peixe.
Desembarque: A ação de retirar os peixes da embarcação e levá-los para terra, onde serão processados e comercializados.
Rastreabilidade: A capacidade de seguir o percurso dos produtos de pesca desde a captura até ao consumidor final, garantindo a transparência e a sustentabilidade.
Tradições e Cultura
A pesca artesanal em Portugal está profundamente enraizada na cultura e nas tradições das comunidades costeiras. Conhecer alguns dos termos culturais e tradicionais associados pode enriquecer a sua compreensão desta atividade.
Artesanato: Objetos e artefatos feitos à mão, muitas vezes inspirados na vida e nas práticas de pesca. Incluem redes, cestos e outros utensílios.
Festa do Mar: Celebrações que ocorrem em várias comunidades costeiras, dedicadas aos pescadores e ao mar. Estas festas incluem procissões, feiras e eventos gastronómicos.
Santo António: Um dos santos padroeiros dos pescadores em Portugal. Muitas comunidades têm festividades dedicadas a Santo António, pedindo proteção e boas capturas.
Arraial: Uma festa popular, muitas vezes realizada em celebração de uma boa temporada de pesca, com música, dança e comida tradicional.
Expressões e Ditados Populares
A pesca artesanal deu origem a várias expressões e ditados populares em Portugal, refletindo a sabedoria e a experiência acumulada ao longo dos anos. Aqui estão alguns exemplos:
“Peixe não puxa carroça”: Esta expressão significa que uma alimentação baseada exclusivamente em peixe não é suficiente para sustentar o trabalho árduo.
“Quem vai ao mar, avia-se em terra”: Significa que é importante estar bem preparado antes de enfrentar uma tarefa difícil ou perigosa, como a pesca no mar.
“Mar calmo nunca fez bom marinheiro”: Um ditado que sublinha a importância das dificuldades e desafios para o desenvolvimento de habilidades e resiliência.
“Estar com a rede cheia”: Significa estar em boa situação, ter sucesso ou prosperidade, especialmente em relação à pesca.
“Cada qual sabe onde lhe aperta o sapato”: Embora não seja exclusivo da pesca, este ditado é frequentemente usado por pescadores para referir-se ao conhecimento íntimo e pessoal das dificuldades e desafios que enfrentam.
Conclusão
A pesca artesanal em Portugal é muito mais do que uma atividade económica; é uma parte vital da identidade cultural e histórica do país. O vocabulário associado a esta prática é rico e variado, refletindo a diversidade das técnicas, espécies e tradições envolvidas. Ao familiarizar-se com estes termos, não só enriquece o seu conhecimento da língua portuguesa, mas também ganha uma compreensão mais profunda e apreciativa das comunidades costeiras e da sua herança. Quer seja um entusiasta da pesca, um estudante da língua ou simplesmente alguém interessado na cultura portuguesa, o vocabulário da pesca artesanal oferece uma janela fascinante para um mundo de saberes e práticas ancestrais.